Tuesday, December 1, 2009

Worten sempre (ou não).

Não, apesar do título não vou reclamar de nada que a Worten me tenha vendido, como quem me conhece já deve ter pensado, dado o meu azar crónico com os bens que compro, ser bem conhecido. Acontece que ao pagar o última artigo que adquiri na referida Worten, foi-me proposto arredondar a conta a favor de uma qualquer instituição de solidariedade social da qual não me recordo o nome e também não interessa para o caso.
Imaginem que adquirem um artigo no valor de 9,90€, a proposta é pagar-mos 10€ e os 0,10€ da diferença revertem a favor da dita instituição. Quando me foi proposta esta situação, imbuído no espírito natalício, acedi. Fui no entanto a caminho de casa a matutar no assunto. Pensei cá para comigo: uma empresa tão grande, que no primeiro trimestre de 2009 registou um crescimento de 16% na área do retalho especializado (na qual está incluída a Worten), com um volume de negócios 1.264 milhões de euros (mais 4,9% face ao primeiro trimestre de 2008), o que mostra que a empresa apesar da crise continua a apresentar resultados bastante positivos. Não deveria ser ela própria se realmente quer ajudar os mais pobres a abdicar de 0,10€ ou um outro qualquer valor, da sua margem de lucro, que suponho ser mais elevada por artigo que este valor?
Acontece que nós de uma forma irreflectida, contribuímos, até porque 0,10€ não custam a dar a ninguém. No entanto, reparem na estratégia de marketing brilhante: a empresa não tem qualquer tipo de despesa, e passa por boa samaritana aos olhos do povo o que sem dúvida contribui para uma imagem positiva, hoje tão importante na área do retalho.
A responsabilidade de uma empresa da dimensão da Sonae, passa não tanto por dar contribuições estéreis e pontuais, deveria de começar isso sim, pelos próprios colaboradores que trabalham por turnos, domingos e feriados, por pouco mais que o salário mínimo.
Poupem-me!

Mário Lima

Thursday, October 29, 2009

Correndo o risco de ser repetitivo...

Já sei que já escrevi acerca deste tema. Já sei que já devem de estar fartos de ouvir, de ler e de ver o ataque aos ricos por partes dos pobres, até já sei que corro o risco de ser acusado de estar a ser populista, reaccionário e até demagógico, sinceramente, não me importo!
Escrevo mais uma vez acerca dos espectáveis acertos salariais que prevêem o aumento do salário mínimo para 500 € mensais até 2011. E escrevo porque mais uma vez o 3º banqueiro central mais bem pago do mundo, apenas os governadores dos bancos centrais de Hong Kong e de Itália ganham mais. Sim, o 3º é o nosso querido Vitor Constâncio, governador do Banco de Portugal que veio mais uma vez pedir aos empresários contenção nos aumentos salariais para o próximo ano.
A ajudar à festa, veio um outro "pobrezinho", de seu nome Francisco Van Zeller, presidente da CIPl dizer que as empresas não irão aguentar os referidos aumentos até ao ano 2011. Confesso não ter percebido a sua intenção, mas o Sr. lá explicou que é devido às exportações que irão baixar devido aos aumentos salariais, deu ainda como exemplo países como a China e a Turquia, e aí sim, eu percebi o que o Sr. pretendia...
Já não vou recalcar novamente o que já escrevi num "post" anterior acerca do que penso destes Srs.
Penso ser urgente repensar o modelo social que queremos para Portugal. Uma política baseada em baixos salários será num prazo de 10 anos incomportável para o país, uma vez que neste momento os nossos salários são demasiadamente altos para competir com os favoritos do Sr. Van Zeller, China e Turquia entre outros, e demasiado baixos para que o povo aguente muito mais tempo. Veja-se os casos recentes dos encerramentos da Delphi na Ponte de Sôr e na Guarda entre tantos outros. Estes encerramentos não são apenas devido à crise, mas também na fuga para mercados com salário mais baixos.
É urgente uma aposta concreta na educação e na formação (a sério) das camadas mais jovens, e uma aposta concreta na criação de marcas portuguesas que possam competir pela qualidade e não pelo preço.
Sectores em que somos de facto bons como por exemplo nos vinhos, no calçado, no turismo entre outros devem de ser encarados de forma a levar à criação de "clusters" de produção que levem a uma constante inovação e criação de produtos inovadores.
Apenas através de uma economia baseada na qualidade poderemos almejar a deixar de ser explorados pelos Constâncios e Van Zellers deste país. Agora, não esperem que sejam eles ou o governo a fazê-lo, já que não o fazem faça-mo-lo nós!

Mário Lima

Sunday, July 19, 2009

Estado para que te quero?!

Como é sabido a grande maioria das nossas empresas não consegue apresentar índices de competitividade minimamente satisfatórios. Muitos são os factores que a isso levam, alguns estão perfeitamente identificados, outros nem por isso, O factor do qual vou falar parece-me perfeitamente identificado, já a sua solução continua por encontrar, e desconfio que assim continuará.
Temos um Estado demasiado omnipresente em todos os sectores da nossa sociedade, e em particular nas nossas empresas. Não importa se são grandes ou pequenas, todas elas dependem de forma directa ou indirecta do Estado. Se umas têm o Estado como credor principal, outras têm o Estado como devedor, até aqui tudo certo. O problema é que em Portugal ainda ninguém decidiu muito bem para que servem as sucessivas intervenções do Estado nas empresas, nem o próprio Estado sabe muito bem qual é o papel que deve de desempenhar, se o pai extremoso que dá dinheiro ao filho para que não lhe falte nada, ou o do pai ausente que prefere deixar o filho seguir o seu caminho e aprender com os erros cometidos.
Quando a economia se encontra bem de saúde - OK!!! Pronto, por cá nunca se encontra realmente de saúde - reformulo, quando as coisas estão melhor, vemos todos os empresários a dizer que o Estado não serve para nada e que devia de deixar de se meter na economia e deixar o mercado actuar livremente. Agora que as coisas estão como estão, são os mesmos que reclamam de forma indignada mais apoios para as empresas e que o Estado não se pode esconder das suas responsabilidades. O problema é que o Estado é o primeiro a pôr-se a jeito, uma vez que não tem uma linha de pensamento coerente em relação a esta matéria, veja-se os recentes casos BPN e BPP casos relativamente semelhantes e com tratamentos tão diferentes.
Sou da opinião que as empresas têm de ser capazes de gerar receitas suficientes para se manterem activas sem qualquer intervenção estatal. Aceito como bons os apoios à criação de empresas onde por vezes me parece mais importante a desburocratização de processos e a simplificação fiscal do que o apoio financeiro puro (não que este não posssa existir), mas este apoio deve de terminar logo que a empresa se encontre implementada.
O que temos neste momento é que muitas das empresas a operar em Portugal não são capazes de sobreviver sem o apoio do Estado não representando assim nenhuma mais valia para nossa economia.
É urgente repensar o papel que o Estado deve desempenhar e o peso exacto que este deve ter na nossa economia, pois na minha opinião, estamos a criar um ciclo vicioso que permite haver empresas inúteis a trabalhar não permitindo que surjam algumas que queiram de facto ser independentes e competitivas.


Mário Lima

Sunday, July 5, 2009

O "Mafarrico"

O gesto que Manuel Pinho fez no debate acerca do estado da Nação até teria tido piada se não tivesse sido feito em plena Assembleia da República, aliás, pensado melhor até assim teve uma certa piada, a começar pela expressão do Ministro, que transformou o debate numa qualquer discussão de café (bem, se calhar não é de café mas sim de tasca). O Ministro, perdão, Ex. Ministro, dizia para Bernardino Soares "vocês têm é dor de corno, pois é...", e como achou que a frase não era suficientemente explicita fez o já icónico gesto.
O sucedido, ao contrário do que se tem por aí dito, representa mais uma vitória do PS sobre o PSD, na medida em que o deputado social democrata, o tal da barbinha, (digo da barbinha, porque já não me consigo lembrar do nome dele), mandou um outro deputado do PS, "Pó Caral...". Faltou-lhe no entanto o clássico manguito (ninguém me tira da cabeça que se ele tivesse feito o manguito que eu me ia lembrar do nome dele).
Se juntar-mos a isto os constantes insultos camuflados de troca de ideias, em que se chamam mentirosos uns aos outros, entre muitos outros mimos, percebemos porque é que numa altura de crise se gastaram tantos milhões de euros (3.172.266€ nas obras, 819€ para reforço sísmico - nisto foram poupadinhos e 500.000 em equipamento informático), é que desta forma vão conseguir esconder do povo a única coisa que até aqui não conseguiam, a falta de educação, elevação e infelizmente não poucas vezes, de relevância para a Nação, do debate que os 230 deputados democraticamente eleitos conseguem ter. De que forma? Fácil, usam o messenger, o Twitter os blogues, etc. Vão poder filmar e fotografar os opositores se estiverem... sei lá... a tirar macacos do nariz, a dormir, etc. e vão poder transmitir estas belas imagens em tempo real no You Tube, facebook, hi5.
Ah, como é bom saber que temos o parlamento mais moderno da Europa...

Mário Lima

Wednesday, July 1, 2009

Justiça televisiva.

Após o caso Sargento e o caso Alexandra, temos agora o caso Martim. Se é verdade que à primeira vista o denominador comum destes três casos são as crianças, existe um outro, o da justiça televisiva, ao vivo, em directo e a cores.
A televisão já fez os seus julgamentos, constituiu os seus réus e condenou os seus culpados, sem contar todos os factos e sem direito a defesa por parte dos acusados.
O mais preocupante nestes casos é a sensação que se criou na nossa sociedade que a SIC ou a TVI são mais eficazes na resolução dos nossos problemas do que qualquer tribunal. Quando assim é, de facto algo vai mal na nossa justiça se é que ela pode existir nestas condições.

Mário Lima

Monday, April 27, 2009

Investimento público

Numa altura em que parece que só se fala de crise, o governo vem quase todos os dias anunciar um novo investimento público, um aeroporto ali, um TGV aqui, uma auto-estrada acolá...
Sem querer entrar na discussão da real utilidade destes investimentos, deixo a pergunta no ar, não haverão nesta altura investimentos não só mais baratos como mais úteis?
Sou da opinião que apesar dos tempos difíceis que atravessamos e vamos continuar a atravessar, esta seria uma óptima oportunidade para traçar um plano a longo prazo que envolvesse os três pilares fundamentais de um país, a educação, a saúde e a justiça. E seria uma óptima oportunidade na medida em que nesta altura nenhum português de bom senso exigiria mais uma auto-estrada ou mais uma ponte sobre o Tejo. Estas reformas seriam obviamente mais estruturais do que infra-estruturais, ainda que aqui e ali sejam necessárias mais escolas, hospitais e tribunais, ou a remodelação dos existentes.
Enquanto os nossos governantes não perceberem que o país só pode evoluir se os próprios portugueses evoluírem também, nunca chegaremos a lugar algum. Esta evolução não se consegue andando mais depressa de um lado para o outro (ainda que isso seja importante). De nada me serve conseguir chegar depressa ao hospital se depois vou estar horas à espera para ser tratado e por vezes mal, não conhecendo os meus direitos e os meus deveres enquanto cidadão e não os podendo fazer valer quando são atropelados.
Defendo esta solução apenas quando encontrado um concensso a nível geral, que não seja hipotecado pela subida ao poder de um novo governo.
O caminho não será no entanto este, e até lá, já os nossos netos estarão a pagar a factura dos incompetentes que dos vários quadrantes se têm governado e (des)governado o país.

Thursday, January 1, 2009

Um ano de 2009 diferente!

Que o novo ano em que já estamos, possa trazer a todos um mundo mais justo, mais fraterno, mais igualitário e mais solidário.
Que nos traga melhores contas públicas, menos dívida externa, e acima de tudo uma governação mais responsável e mais justa para todos.
Que a crise apesar de ser real, não sirva de desculpa para encobrir mais trapalhadas.
Tenho a certeza que "sim, pudemos!"

Bom ano novo para todos.

Mário Lima