Sunday, June 12, 2011

Mudar de rumo

Os resultados eleitorais do passado Domingo demonstraram uma vontade clara dos eleitores em mudar de rumo, quando falo em mudar de rumo não falo apenas em mudar de partido de Governo, falo também em mudar o país. O grande vencedor destas legislativas foi claramente a abstenção, que ficou alguns pontos acima do PSD, isso demonstra o descrédito com que os eleitores encaram a política e os políticos em Portugal. No entanto, a abstenção não é uma forma de Governo e o PSD coligado com o CDS/PP lá irão gerir os destinos do nosso país supostamente  nos próximos quatro anos. 
Já todos sabemos que este governo não vai ter capacidade de inventar muito, uma vez que na maioria das matérias se limitará a seguir as indicações dadas pela "troika". Há no entanto algo em que o novo Governo será determinante para o futuro de Portugal: é imperativo colocar a economia Nacional a crescer, sobe pena de não gerar-mos riqueza suficiente para pagar-mos o empréstimo que nos foi concedido pela instâncias internacionais, o que o transformaria no nosso pior pesadelo.

Sunday, June 5, 2011

Eleições

No dia de hoje os portugueses elegerão um novo governo. Têm hoje a oportunidade de manifestar nas urnas o descontentamento que tanto verbalizam nas conversas de café, no supermercado, no trabalho, etc.
É importante que votem, que se manifestem, que se façam ouvir.
Sem apelar ao voto em nenhum partido em particular, da minha parte vou votar num daqueles muito pequeninos de que muita gente nem ouviu falar, porque na minha opinião, está na hora de mostrar aos partidos que têm tido assento parlamentar desde o 25 de Abril, que não estou nada contente com o trabalho que têm feito. E para mim, não chega apenas mudar de governo, uma vez que o fado será o mesmo mas com algumas caras diferentes.

Sunday, May 22, 2011

Alguém viu por aí uma ideia?!

Quem gastou cerca de uma hora do seu precioso tempo a ver os debate entre os líderes dos dois principais partidos portugueses deve de ter ficado assustado, eu fiquei! Durante uma hora não saiu nada de dentro daquelas duas alminhas que me fizesse sequer concordar ou discordar, porque pura e simplesmente não houve naquele debate a discussão de sequer uma ideia, foi um desenrolar de acusações de parte a parte que me fez lembrar duas crianças a fazerem "queixinhas" à mãe sobre quem pintou as paredes da sala. 
Compreendo que não exista um debate sobre as ideias e sobre o rumo a dar ao país porque de facto eles não as têm, a única coisa que possuem é estratégia para chegarem ao poder e de lá saírem o mais tarde possível depois de se servirem do país como uma espécie jogo de computador "The Sims" mas em tamanho real.
Depois do debate foi a continuação de bom tempo, com os habituais comentadores a tentarem justificar quem ganhou o debate, cada um deles a defender os seus interesses, porque no fundo, se fizermos uma análise, todos eles têm algo a ganhar ou a perder, uns mais assumidos do que outros, mas todos comprometidos. O que não se ouve, nem se lê aos chamados "opinion-makers" é o que eles de facto pensam, se é que ainda o fazem... 
Sendo como é óbvio sucinto, e com a consciência de que os problemas do país são estruturais e impossíveis de deixar aqui expostos nestas meia dúzia de linhas, não queria deixar passar em claro que nos últimos anos, se repararmos somos geridos por políticos cujo contacto com a vida real acontece apenas no caminho de casa para a "J", e depois no caminho de casa para o partido e para o Parlamento. Este penso ser um dos graves problemas com que o país se tem deparado, a falta de preparação das pessoas que têm poder de decisão em Portugal, não apenas políticos mas também gestores sejam eles públicos ou privados.
Só é possível resolvermos um problema se o conhecer-mos a fundo. Estas pessoas não sabem o que é pagar o empréstimo da casa, do carro, ir ao supermercado, etc, porque simplesmente nunca precisaram, ainda que acredito possam haver algumas excepções, penso que deverão ser poucas, e como nunca souberam como é o quotidiano da maioria das pessoas, quando tomam uma decisão não conseguem ter em mente o que essa mesma decisão irá afectar o dia-a-dia dos portugueses. Como é óbvio não é nas chamadas arruadas e nos beijinhos que se dão às velhinhas que se fica a conhecer a realidade do país. 
E nós, o povo, continua assim adormecido, a discutir a política como se discute futebol, sem nada perceber do que se está a passar porque também não interessa que percebam.
Nesta altura devíamos todos estar a fazer uma espécie de "brain-storming" para perceber como tirar o país desta situação, devíamos estar a discutir como vamos fazer o país crescer e desenvolver-se, e não estar preocupados com medidas que não trarão nada de positivo como o aumento da carga horária, a diminuição das férias, etc. Parece que em vez de tentarmos gerar riqueza pretendemos gerar pobreza.
Segundo os "opinion-makers" iluminados do alto da sua sabedoria que não se sabe muito bem de onde vem, os portugueses gastaram mais do que deviam, até posso concordar, se englobar-mos os governos como os principais gastadores, mas também se esquecem que uma relação comercial é feita de compras e também de vendas, e que só faz sentido fabricar um produto se depois a economia gerar riqueza suficiente para que quem o fabricou o possa de seguida vender. 
Temo seriamente que se não forem tomadas medidas sérias e honestas que esteja em causa a médio/longo prazo a viabilidade económica do país.

Saturday, May 14, 2011

Grandes superficiais

Segundo estudo publicado pelo pelo "Jornal de negócios" no mês de Abril, o salário médio do administrador do grupo retalhista Jerónimo Martins ascende num ano ao equivalente a 60 salários médios dos restantes colaboradores da empresa, o que perfaz um total de 662.230 Euros, enquanto que o salário médio anual da empresa cifra-se nos 10,861 Euros. Traduzindo estes valores para ganhos mensais, podemos verificar que o administrador do grupo aufere por mês cerca de 50 mil euros mês, ao passo que quem lhe proporciona o respectivo vencimento se fica pelos 775 Euros brutos, e sabemos que estas médias não reflectem a maioria dos salários pagos pela empresa uma vez que já terão os salários das chefias incluídos nestes valores que são naturalmente mais elevados que os dos restantes colaboradores.
É aqui apresentado o caso da Jerónimo Martins mas poderia apresentar de qualquer outro grande grupo retalhista que os resultados não seriam seguramente diferentes.
Os trabalhadores das grandes superfícies, sejam elas super ou hipermercados e centros comerciais representam hoje uma espécie de escravatura nacional do séc. XXI.
A grande maioria dos trabalhadores do grande retalho é mal paga, sujeita a turnos não remunerados ou pouco remunerados, não tem direito a fins de semana ou feriados, estando sujeitos a folgas rotativas que nem sempre são folgas planeadas atempadamente, que por vezes nos meses de Verão de forma a que os colegas possam gozar férias, nem podem ser gozadas para colmatar a falta do colega e muitas vezes acabam por ser as chefias a decidirem as datas em que podem gozar as suas férias.
Se compararmos os empregados dos grandes grupos retalhistas com por exemplo um administrativo, o empregado do grupo retalhista trabalha pelo menos mais 13 dias por ano que são correspondentes ao número de feriados celebrados em Portugal, isto se pelo meio não houverem as tão faladas pontes.
O argumento utilizado por parte dos retalhistas para a abertura aos Domingos e feriados e para os horários prolongados é que permitem que as pessoas façam as suas compras fora dos seus horários de trabalho flexibilizando assim o tempo disponível para realizarem as suas compras à hora que mais lhes for conveniente. É  um facto que para muitas pessoas estes horários são realmente úteis, no entanto, antes de chegarem as grandes superfícies retalhistas as pessoas também faziam as suas compras e nunca se viu ninguém a passar fome por não ter horas para ir às compras. É aliás assim por essa Europa fora.
Se eu enquanto cidadão tenho de organizar a minha vida para poder tratar de um qualquer assunto na administração pública que tem horários extremamente rígidos, por que motivo não o poderei fazer para tratar das minhas compras?
O que tem acontecido em Portugal, é que para alguns estarem cómodos outros estão a passar mal e isso não me parece próprio de uma sociedade que se pretende desenvolvida. 
No entanto para mim o grande problema que estas superfícies trazem, é o de "secarem" quase tudo à sua volta, é certo que se tornaram o grande empregador, sobretudo dos concelhos mais pequenos e interiores do país, mas se é verdade que a sua abertura criou muitos postos de trabalho, também é verdade que muitos foram os que se extinguiram na agricultura e pequeno comércio. E pior é que muitos investimentos nesses sectores que poderiam ser feitos no futuro não serão feitos pois é virtualmente impossível concorrer com estes gigantes.
O modelo de desenvolvimento nacional tem estado em grande parte assente neste tipo de estabelecimentos que para além do problema social que acabam por criar, ainda têm o problema de a maioria dos produtos que vendem serem resultado de importações. Reparem num qualquer grande centro comercial e verifiquem que na esmagadora maioria das marcas que possuem lojas nestes centros são estrangeiras. Este é um dos factores   que desequilibra a nossa balança comercial.
A actual crise poderá ser agora uma oportunidade para mudarmos este estado de coisas, para apostar num modelo de desenvolvimento mais arrojado em vários sectores como a agricultura, as pescas e todos os sectores produtivos. Acima de tudo, precisamos de empresários responsáveis e com visão, capazes da criação de marcas que possam ser o nosso cartão de visita lá fora. O resto virá por acréscimo. 
Eu acredito que somos capazes! Já temos provado que quando queremos a sério, sabemos superar-nos.