Saturday, November 22, 2008

Corar de vergonha.

Nos últimos tempos em que quase não se tem falado de outra coisa a não ser da crise que se vem instalando um pouco por todo o mundo fora, têm também, quase diariamente surgido figuras ou entidades, com um elevado grau de responsabilidade na gestão do país a proferirem frases que me levam a concluir que perderam completamente a já pouca vergonha que ainda possuíam.
Dois exemplos, a propósito do aumento do ordenado mínimo, Augusto Morais, presidente da Associação Portuguesa de PME's, proferiu a seguinte afirmação: “A Associação não se vai manifestar, mas vai determinar junto dos associados que não renovem os contratos, o que significa que o primeiro-ministro vai ter uma aumento do desemprego”. Desta frase podemos então retirar duas coisas, que as PME's portuguesas não são minimamente competitivas, uma vez que não gera receita suficiente para conseguir cobrir a "enorme" despesa que significa um aumento de 24 Euros mês num universo na melhor das hipóteses de 250 trabalhadores (limite máximo de trabalhadores de uma média empresa), e assim sendo têm de fechar as portas. Por outro lado o mais provável é que o próprio Augusto Morais na empresa que gere ande a ser demasiado bem pago e que por isso a empresa não aguente o esforço de aumentar quem produz para que o mesmo possa auferir o seu rendimento.
De referir que a própria líder da oposição se manifestou contra este aumento, o que me leva pela primeira vez a ponderar seriamente o meu habitual sentido de voto.
Para completar o ramalhete, o Banco de Portugal, presidido por um tal de Vítor Constâncio, que aufere um rendimento mensal de cerca de 17.000 Euros, considerou que um dos principais factores do desemprego de longa duração é o excesso "generosidade" do subsídio de desemprego.
Consideremos então o seguinte: no máximo, o subsídio de desemprego pode ir até aos cerca de 1200 Euros mensais, mas na verdade, cada português que usufrui deste rendimento aufere em média cerca de 500 Euros/mês. Ora, se Vítor Constâncio auferisse 500 Euros/mês como um outro qualquer cidadão deste país que onde ninguém governa mas muitos se vão governando, talvez compreendesse o que todos nós passamos para pagar as contas e evitasse que a inútil instituição a que preside dissesse barbaridades como esta.
Novos episódios se seguirão, querem apostar?

Mário Lima