Saturday, April 28, 2012

Ocupados

Ainda que por principio simpatize com a causa do auto-denominado grupo Es.Co.Las que tanto tem dado que falar, que de facto parece bem intencionado nas suas acções e tem desempenhado um papel relevante na dinamização social e cultural numa zona carenciada da cidade do Porto, não me parece razoável que apesar das boas intenções se ocupe ilegalmente um edifício do Estado. Podemos argumentar que o edifício se encontrava vazio e sem ser utilizado e que desta forma serve uma boa causa, o que é verdade. No entanto, por uma questão de principio não podemos permitir este género de ocupação, pois a seguir virão outros cujos propósitos não serão tão nobres como estes e nestes casos a linha que separa o bom do mau é muito ténue.
Talvez se possam retirar alguns ensinamentos futuros deste caso. Estas associações são úteis à sociedade e devem ser apoiadas e ouvidas quer pelas autarquias, quer pelo governo, uma vez que poderão desempenhar um papel importante junto das comunidades onde estão inseridas e onde na maioria das vezes o Estado e as autarquias não chegam. Mas estas entidades não podem sob a capa da boa-vontade auto-marginalizarem-se e acharem-se acima da lei.

Saturday, April 7, 2012

Economês

As recentes políticas de austeridade impostas a países europeus, nomeadamente à Grécia, Portugal e Irlanda, deixa no ar a ideia de que os economistas da chamada "Troika" estão embrenhados em modelos económicos de tal forma complexos que parecem ter esquecido os princípios mais básicos da economia. Numa altura de crise como a que vivemos actualmente, impunham-se medidas de contenção orçamental que são indiscutíveis, no entanto, a parte do crescimento económico foi claramente esquecida.
Ainda recentemente na última avaliação feita pela "Troika" ao nosso país responsáveis revelavam-se surpreendidos pelo nível de desemprego registado em Portugal. Esta surpresa revela um desconhecimento da realidade económica portuguesa, que se encontra muito assente no Estado. Claro que esta tendência teria de ser invertida para permitir o crescimento, no entanto, ao retirar à nossa economia a sua base de sustentação de forma repentina sem permitir que esta paulatinamente se regenere, estaremos muito provavelmente a acabar de vez com ela.