Sunday, July 19, 2009

Estado para que te quero?!

Como é sabido a grande maioria das nossas empresas não consegue apresentar índices de competitividade minimamente satisfatórios. Muitos são os factores que a isso levam, alguns estão perfeitamente identificados, outros nem por isso, O factor do qual vou falar parece-me perfeitamente identificado, já a sua solução continua por encontrar, e desconfio que assim continuará.
Temos um Estado demasiado omnipresente em todos os sectores da nossa sociedade, e em particular nas nossas empresas. Não importa se são grandes ou pequenas, todas elas dependem de forma directa ou indirecta do Estado. Se umas têm o Estado como credor principal, outras têm o Estado como devedor, até aqui tudo certo. O problema é que em Portugal ainda ninguém decidiu muito bem para que servem as sucessivas intervenções do Estado nas empresas, nem o próprio Estado sabe muito bem qual é o papel que deve de desempenhar, se o pai extremoso que dá dinheiro ao filho para que não lhe falte nada, ou o do pai ausente que prefere deixar o filho seguir o seu caminho e aprender com os erros cometidos.
Quando a economia se encontra bem de saúde - OK!!! Pronto, por cá nunca se encontra realmente de saúde - reformulo, quando as coisas estão melhor, vemos todos os empresários a dizer que o Estado não serve para nada e que devia de deixar de se meter na economia e deixar o mercado actuar livremente. Agora que as coisas estão como estão, são os mesmos que reclamam de forma indignada mais apoios para as empresas e que o Estado não se pode esconder das suas responsabilidades. O problema é que o Estado é o primeiro a pôr-se a jeito, uma vez que não tem uma linha de pensamento coerente em relação a esta matéria, veja-se os recentes casos BPN e BPP casos relativamente semelhantes e com tratamentos tão diferentes.
Sou da opinião que as empresas têm de ser capazes de gerar receitas suficientes para se manterem activas sem qualquer intervenção estatal. Aceito como bons os apoios à criação de empresas onde por vezes me parece mais importante a desburocratização de processos e a simplificação fiscal do que o apoio financeiro puro (não que este não posssa existir), mas este apoio deve de terminar logo que a empresa se encontre implementada.
O que temos neste momento é que muitas das empresas a operar em Portugal não são capazes de sobreviver sem o apoio do Estado não representando assim nenhuma mais valia para nossa economia.
É urgente repensar o papel que o Estado deve desempenhar e o peso exacto que este deve ter na nossa economia, pois na minha opinião, estamos a criar um ciclo vicioso que permite haver empresas inúteis a trabalhar não permitindo que surjam algumas que queiram de facto ser independentes e competitivas.


Mário Lima

Sunday, July 5, 2009

O "Mafarrico"

O gesto que Manuel Pinho fez no debate acerca do estado da Nação até teria tido piada se não tivesse sido feito em plena Assembleia da República, aliás, pensado melhor até assim teve uma certa piada, a começar pela expressão do Ministro, que transformou o debate numa qualquer discussão de café (bem, se calhar não é de café mas sim de tasca). O Ministro, perdão, Ex. Ministro, dizia para Bernardino Soares "vocês têm é dor de corno, pois é...", e como achou que a frase não era suficientemente explicita fez o já icónico gesto.
O sucedido, ao contrário do que se tem por aí dito, representa mais uma vitória do PS sobre o PSD, na medida em que o deputado social democrata, o tal da barbinha, (digo da barbinha, porque já não me consigo lembrar do nome dele), mandou um outro deputado do PS, "Pó Caral...". Faltou-lhe no entanto o clássico manguito (ninguém me tira da cabeça que se ele tivesse feito o manguito que eu me ia lembrar do nome dele).
Se juntar-mos a isto os constantes insultos camuflados de troca de ideias, em que se chamam mentirosos uns aos outros, entre muitos outros mimos, percebemos porque é que numa altura de crise se gastaram tantos milhões de euros (3.172.266€ nas obras, 819€ para reforço sísmico - nisto foram poupadinhos e 500.000 em equipamento informático), é que desta forma vão conseguir esconder do povo a única coisa que até aqui não conseguiam, a falta de educação, elevação e infelizmente não poucas vezes, de relevância para a Nação, do debate que os 230 deputados democraticamente eleitos conseguem ter. De que forma? Fácil, usam o messenger, o Twitter os blogues, etc. Vão poder filmar e fotografar os opositores se estiverem... sei lá... a tirar macacos do nariz, a dormir, etc. e vão poder transmitir estas belas imagens em tempo real no You Tube, facebook, hi5.
Ah, como é bom saber que temos o parlamento mais moderno da Europa...

Mário Lima

Wednesday, July 1, 2009

Justiça televisiva.

Após o caso Sargento e o caso Alexandra, temos agora o caso Martim. Se é verdade que à primeira vista o denominador comum destes três casos são as crianças, existe um outro, o da justiça televisiva, ao vivo, em directo e a cores.
A televisão já fez os seus julgamentos, constituiu os seus réus e condenou os seus culpados, sem contar todos os factos e sem direito a defesa por parte dos acusados.
O mais preocupante nestes casos é a sensação que se criou na nossa sociedade que a SIC ou a TVI são mais eficazes na resolução dos nossos problemas do que qualquer tribunal. Quando assim é, de facto algo vai mal na nossa justiça se é que ela pode existir nestas condições.

Mário Lima