Saturday, May 26, 2007

Ser Benfiquista...

Muito boa tarde.
Hoje vou falar de um assunto que me é muito querido: o meu Benfica.
Já sabemos que O F. C. Porto é o campeão este ano. Não vou aqui discutir se justo ou injusto.
Terminado o campeonato, verifica-mos que os três primeiros classificados acabaram separados por apenas dois pontos.
Num campeonato tão nivelado como o deste ano, parecem-me injustos os vários comentários dos chamados críticos da bola, que enaltecem o campeonato tanto do Porto como do Sporting e desvalorizam o campeonato realizado pelo Benfica.
É óbvio que o Benfica ficou no chamado último lugar dos primeiros e que nada a não ser o primeiro lugar pode ser considerada uma boa classificação para o maior clube português. No entanto, classificar de desastrosa a época do Benfica é um exagero.
Quando se chega à última jornada com os três primeiros classificados separados por dois pontos apenas e com a possibilidade de qualquer um se sagrar campeão, nem o campeão pode ser absolutamente fantástico nem os outros um absoluto desastre, e foi esta a imagem que passou. Isto não quer dizer que ache que o Benfica merecia ser campeão ou que não tenham sido cometidos erros o longo da época, a realidade é que foram.
Em primeiro lugar devo de dizer que não morro propriamente de amores por Fernando Santos, parece-me um treinador algo "murcho", sem carisma e sem "chama", em alguns momentos pareceu-me algo perdido no banco. Um grande defeito que lhe aponto é o de ser um péssimo gestor de recursos humanos, esse defeito foi particularmente evidente todas as vezes que disse taxativamente que tinha cerca de 13 bons jogadores e que esses eram os melhores. Ora, ao dizer isso estava consequentemente a dizer que os restantes pura e simplesmente não prestavam, desmotivando completamente os outros jogadores que ficaram com a sensação que por melhor que trabalhassem nos treinos nunca conseguiriam jogar. Jogadores esses a que teve necessidade de recorrer no final do campeonato com os resultados que se viram.
Fernando Santos além da clara desmotivação que provocou em meio plantel encarnado com esta atitude conseguiu ainda dar um tiro no próprio pé. Quem escolheu este plantel? Quem dispensou Diego Souza e Kikin Fonseca? Elementos que ficou provado que teriam sido úteis na segunda metade do campeonato, quando a equipa andava presa por arames? Quer contratou Derlei? Um flop... A que se deveu o eclipse de Paulo Jorge, jogador que no início do campeonato na ausência de Simão foi quase sempre um dos melhores elementos da equipa?
Será que alguém que seja coerente pode afirmar categoricamente que jogadores como Manú, Pedro Correia, João Coimbra etc. não são bons jogadores? É certo que sempre que entraram não mostraram grande coisa, mas também é certo que quem entra a cinco minutos do fim além de não ter a motivação devida para jogar, nem o ritmo de jogo necessário à alta competição assim como também não tem tempo para mostrar grande coisa.
A meu ver, Fernando Santos errou quando em determinados jogos em que se encontrava a ganhar por uma diferença de pelo menos dois golos, tendo o jogo perfeitamente controlado, não ter dado minutos a estes jogadores, fazendo por outro lado descansar algumas das peças importantes do seu xadrez que como se pôde ver nas últimas jornadas se encontravam completamente de rastos.
É também verdade que vi o Benfica fazer este ano exibições de grande qualidade como já não me lembrava de à muitos anos a esta parte. No entanto também vi jogos como o penúltimo jogo do campeonato contra o Vit. de Setúbal que foram uma autêntico desastre, jogadores sem ânimo, sem garra e parecendo sem rumo dentro do campo.
Outro factor que na minha perspectiva tem contribuído nos últimos anos para o insucesso do Benfica são as lesões. Sendo certo que em alta competição as lesões acabam por no fundo ser normais, o que já não é normal é os jogadores terem pequenas lesões, andarem a semana toda em dúvida, e chegarem ao fim de semana jogarem e depois pararem durante meses. Esta situação tem sido recorrente nos últimos anos. Parece haver uma pressa excessiva em que os jogadores joguem. O mais absurdo, é serem tantas as situações do género e os responsáveis clínicos ainda não terem aprendido a lição.
E quem são os culpados? Do meu ponto de vista parece-me claro ser o departamento médico o principal responsável. Senão vejamos: O Benfica nos últimos anos tem mudado de treinador, de preparador físico e até de local de treino (pois, a desculpa de andarem a treinar em campos diferentes não se coloca este ano). Qual é o único denominador comum? Claro, o departamento médico.
Outra situação que me preocupa na gestão do plantel é que este ano vamos ficar sem Fabrizio Miccoli cujo passe custa apenas cerca de cinco milhões de euros, e concerteza iremos gastar mais do que isso na contratação de jogadores que não conhecemos de lugar algum e provavelmente de qualidade duvidosa.
Gostava de ver um esforço financeiro para manter o referido jogador. E mais, gostava de ver mais produtos da formação das escolas do Benfica.
Não se compreende como se contratam jogadores tão maus como Beto, Marco Ferreira etc. e não se dá oportunidades aos mais jovens de mostrarem o que valem. Sendo certo que mau por mau, os jovens pelo menos trariam algum dinamismo à equipa e mais, seriam substancialmente mais baratos para os depauperados cofres do clube da Luz.
Outra situação que não se percebe muito bem é a situação de José Veiga, vem não vem... Mas afinal em que é que ficamos?! Essa situação já deveria de estar esclarecida por esta altura, aliás num clube minimamente organizado tal situação nunca se verificaria. Nunca veríamos o treinador dizer taxativamente que estava a preparar a nova época com José Veiga e depois vir o presidente dizer que não. Mas afinal!?
Gostava que para o ano o nosso Presidente tivesse um discurso menos demagógico e mais pragmático. Gostava sinceramente de o ver menos populista e mais realista. Porque sinceramente não são os discursos do Presidente que ganham jogos, é a equipa de futebol. Todos os anos nos dizem que este ano vamos ganhar tudo e depois acabamos sempre por não ganhar nada.
Já era tempo de os órgãos dirigentes do clube pararem para reflectir no que de bom tem sido feito (e sim, têm sido feitas muitas coisas boas) e também no que de mau tem acontecido ao Benfica de forma a não se tornar a repetir.
Termino com um desejo: Espero para o ano estar a "engolir" tudo o que disse aqui de mau sobre o Benfica e estar aqui a festejar o título de campeão nacional.

Mário Lima

Thursday, May 17, 2007

O "tiro" ao funcionário público

Dizer mal da administração pública e dos funcionários públicos em geral tornou-se numa espécie de desporto em Portugal, tipo fazer "tiro" ao funcionário público.
Não há português que ao sair do trabalho, no final do dia quando vai ao café do bairro beber a cervejinha da ordem com os amigos, não deite a sua achega para uma fogueira que já de si arde em lume intenso.
"A função pública isto, os funcionários públicos aquilo, etc". Tornou-se como que uma espécie de passatempo nacional, ver quem consegue dizer pior da administração pública portuguesa.
A única classe que defende os funcionários públicos em Portugal é adivinhem?! Sim, é isso mesmo os próprios funcionários públicos.
Não vou sequer tentar comparar aqui o público com o privado até porque iria estar a falar de uma realidade que desconheço. Nunca fui funcionário público (mas gostava). Sou sim funcionário de uma pequena empresa privada e já trabalhei em várias outras e é essa a realidade que conheço.
Ser aluno do 2º ano do curso de Administração Pública não me faz ter a pretensão de saber como lá se trabalha para julgar.
Mas então porque dizemos tanto mal dos nossos funcionários públicos? A resposta (ou as respostas) parece-me à partida simples. Só nunca ninguém se deu ao trabalho de pensar nela. Não, não vou ser eu o "génio" que descobriu a pólvora, só pretendo dar a minha opinião.
Dizemos mal dos funcionários públicos em primeiro lugar porque podemos optar pelo bar onde vamos à noite beber um copo, mas não podemos escolher os serviços públicos que temos de utilizar, tornando-os assim um alvo fácil.
Dizemos mal da função pública porque pagamos demasiados impostos para sermos tão mal atendidos como de facto acontece na grande maioria das vezes.
Parece-me também que no fundo todos temos alguma inveja de certas regalias que eles têm. Acho incrível, mas no nosso país em tudo se tenta nivelar por baixo, ou seja, se por ventura o meu vizinho do lado tem algo que eu não tenho a minha reacção não é querer ter também, é sim qualquer coisa deste género - se eu não posso ter ele também não. E não estou a falar de carros nem de televisores plasma.
Dito assim, até parece que não existem pessoas com regalias e privilégios em demasia neste país, é um facto que existem. E existem até em demasia, mas elas não estão entre os nossos vizinhos, não comem nos mesmos restaurantes que nós, nem frequentam os mesmos sítios que nós, na verdade por vezes parece que nem saem à rua. Essas regalias pertencem aqueles que nós normalmente nem vemos, naqueles que mandam, nos que estão sempre na "sombra". São aqueles que ano após ano saltam de empresa pública em empresa pública a troco de elevadas indemnizações que todos nós pagamos a troco dos nossos impostos. São aqueles que se reformam aos quarenta anos, com reformas ainda por cima milionárias.
A política em si não dá muito dinheiro o que na realidade dá dinheiro é o que vem a seguir, que é exactamente o que referi anteriormente.
A administração pública em Portugal não me parece ter funcionários a mais. Parece-me sim, ter chefes a mais.
Vão-nos atirando areia para os olhos com as regalias dos pequenos para que não vejamos as muitas regalias dos grandes, e nós, cá vamos nos entretendo a dizer mal dos pequenos.
Parece-me no entanto que os funcionários públicos são em última instância vítimas de si próprios. Enquanto classe são incapazes de admitir as vantagens que apesar de tudo ainda têm (até quando vamos a ver). Ainda não perceberam que a sua permanente vitimização não lhes trás nenhumas vantagens, antes pelo contrário.
Um bom funcionário público tal como o nome indica, é alguém que é suposto trabalhar para todos nós, é alguém que é pago por todos nós, deveriam por isso ter uma certa vocação de serviço público. Esta vocação passa por perder mais tempo a explicar como funciona um requerimento, passa por escrever esse mesmo requerimento a quem não sabe escrever. Passa essencialmente por servir cada pessoa da maneira que ela mais precisa.
O estado, ao pretender gerir de uma forma empresarial algo que nem tão pouco é suposto dar lucro, tem-se demarcado das suas responsabilidades sociais. O mais grave é que nem com este tipo de medidas se consegue conter o tão falado défice.
Está na hora de pensarmos se o motivo pelo qual isso acontece se deve aos funcionários públicos ou por outro lado às políticas completamente disparatadas que os sucessivos governos têm seguido.
Todos os governos quando chegam ao poder, pretendem fazer uma reforma na administração pública tornando-a desta forma, num sector, sem um rumo definido. Não se percebendo muito bem qual é a estratégia que se está a seguir actualmente, muito menos a que se irá seguir no futuro.
As sucessivas reformas têm contribuído para um aumento de instabilidade, para o aumento da carga fiscal, para o aumento da carga burocrática e para o descontentamento geral dos funcionários que estando descontentes não vão melhorar em nada os seus desempenhos profissionais.
Não nos podemos esquecer do congelamento dos ordenados e das progressões das carreiras, matéria que já teve tempo mais do que suficiente para ter sido resolvida a bem da motivação dos quadros da função pública. Os funcionários já deviam de conhecer as regras com que estão a jogar.
Neste momento o Estado já deveria ter criado mecanismos que permitissem poupar e ao mesmo tempo manter as progressões das carreiras e os aumentos salariais. Num país com uma inflação sempre em crescendo como o nosso não é fácil estar tanto tempo sem ser aumentado, em particular quem não ganha tanto como isso. E sim, isto é perfeitamente viável. Basta para isso que não se verifiquem situações de um claro despesismo a que assistimos todos os dias, quer nos telejornais quer quando nos deslocamos um qualquer serviço.
É também muito mau, quando sempre que existe uma crise económica, social e financeira como a que atravessamos neste momento se faz passar a mensagem de que os únicos culpados são os funcionários públicos.
Devíamos todos tentar ter um pouco de bom senso, tanto nas críticas como na defesa da administração pública. Devemos criticar o que está mal e louvar o que está bem (sim, há coisas que estão bem). devemos criticar sem maltratar e defender sem atacar.
Quando falamos mal da função pública devemos lembrar-nos de todas as condicionantes que acima tentei referir. Os funcionários públicos tal como a sua designação indica deviam trabalhar para servir o povo todo de maneira igual sem distinção de credos raças ou estratos sociais. Nunca se deveriam esquecer disso.

Até um próximo "post"

O vosso amigo:
Mário

Saturday, May 12, 2007

Portugal animal

Está aí o sol, e com ele o calor. Estamos todos entusiasmados com as férias que estão aí à porta. Todos, menos os mais de 10.000 cães, gatos e outros animais de companhia que são abandonados todos os anos em Portugal por altura do Verão.
É um número demasiado elevado para não nos dar que pensar.
Pensar... É uma atitude racional que falta a muita gente quando abandona um animal. Animal esse que na sua ingenuidade adorava o seu dono, ficava contente quando este chegava a casa. Coitado...
Uma sociedade que não tem respeito pelos animais, jamais será uma sociedade justa e desenvolvida.
Este vai ser o mais "post" mais curto que vos escrevo. Este é um tema que sei ter muito para dizer, mas por ser um tema que sinceramente me comove e me deixa mesmo muito triste, prefiro não dizer mais nada sob pena de não conseguir escrever nada de jeito.
Termino por pedir que não abandonem os vossos amigos tal como eles nunca vos abandonam.
Quando quiserem ir de férias, existem vários locais onde podem deixá-los por um preço muito acessível. Vão ver quando voltarem que a recepção deles vai valer a pena...

Beijinhos e abraços.

Mário Lima

Sunday, May 6, 2007

Limpar cá, ou limpar lá? Eis a questão.

Nos últimos tempos temos vindo a ser bombardeados, ou melhor metralhados com a ideia de que somos um país de improdutivos e que ganhamos demais para o que produzimos. Há falta de melhor argumento, os pseudo grandes trabalhadores deste país, aqueles que quem os ouvir falar parecem carregar nas suas vergadas e pobres costas o imenso peso de todo o PIB deste cantinho à beira-mar plantado, defendem que "o português não quer é trabalhar", dizem eles que se podem limpar escadas e limpar o lixo no estrangeiro bem o podiam fazer no nosso país, como se o facto de atravessarmos uma fronteira fosse alterar as nossas ambições profissionais ou pessoais, ou nos desse uma predisposição particular para a execução desse tipo de trabalho.
Tenho ouvido este tipo de comentário imensas vezes, este e outros do mesmo calibre. A sensação que me fica ao ouvir este tipo de comentários é de que quem os faz das duas uma, ou pura e simplesmente não pensam ou estão a desdenhar das pessoas que tiveram de deixar as suas famílias para irem em busca de algo melhor.
É um facto que a grande maioria das pessoas que se sujeitariam a limpar o lixo num país estrangeiro muito provavelmente não o fariam em Portugal. No entanto como em tudo na vida existem diversos factores que logo à partida podem do meu ponto de vista justificar esse facto.
Abraham Maslow um psicólogo Norte Americano (o pai era Russo, daí o nome Maslow), que estudou a motivação do ser humano nas sociedades contemporâneas, desenvolveu uma pequena e simples teoria para explicar as razões da motivação pessoal, segundo a qual as necessidades humanas estão dispostas e organizadas em níveis hierarquizados de uma forma piramidal. esta teoria chama-se pirâmide das necessidades de Maslow e reza qualquer coisa deste género: na base da pirâmide temos as necessidades fisiológicas, depois, as necessidades de segurança, seguem-se as necessidades sociais e finalmente no topo da pirâmide as necessidades de auto-estima (não, não me estou a querer armar em intelectual, estudei isto numa cadeira este ano e achei super interessante, ok, a parte das necessidades fisiológicas era desnecessária...).
Ufa, já podem respirar desta minha tortuosa divagação académica.
O porquê de as mesmas pessoas que se recusam a fazer determinados trabalhos cá, aceitarem de bom grado fazê-los no estrangeiro é o facto de neste país, se trabalharmos como limpa chaminés por exemplo, nos garantir apenas a base da pirâmide, ou seja, as necessidade fisiológicas. Todas as outras são como que esquecidas quer pelas entidades patronais, quer pelos sucessivos governos que encaram os empregados das profissões consideradas mais baixas quase como sub-humanos, que não merecem sequer um olhar da sua parte, mas o pior na minha opinião é a população em geral também as esquecer. Todos nós enquanto seres pensantes já devíamos ter percebido que todos os seres humanos têm necessidades que são básicas e inerentes à sua condição de homens. Todos os seres humanos têm o direito ao respeito social e à auto-estima e não é preciso conhecer uma teoria desenvolvida em meados do século passado por um qualquer psicólogo.
O que é para mim mais grave é que qualquer licenciado na área da gestão estudou e conhece esta teoria mas quando chega ao mercado de trabalho opta por ignorá-la.
Uma sociedade civilizada, respeita todas as profissões, uma sociedade civilizada tem consideração por todas as classes sociais, por todas as pessoas, sejam elas ricas ou pobres, doutores ou analfabetos.
Com isto quero dizer que uma pessoa que retire os contentores do lixo numa cidade do norte da Europa, por exemplo, não só vê reconhecida a utilidade do seu trabalho através de um ordenado razoável, mas acima de tudo é encarada pelo resto da sociedade como um ou uma "igual", com direitos e deveres tal qual os dos outros.
Infelizmente, se pusermos a mão na consciência vemos que na realidade não é isso que se passa em Portugal (já repararam na diferença de tratamento quando estamos numa fila de um qualquer serviço público ou privado e à nossa frente está uma pessoa de uma classe social aparentemente baixa e um Sr. de fato e gravata?), se ainda não repararam tentem de futuro reparar, infelizmente vão ter muitas oportunidades de o fazer.
Esta diferença de atitudes é visivel em coisas tão simples, como por exemplo, quando falamos de alguém que é varredor de ruas por vezes nem nos dignamos a dizer o nome da pessoa, referimos-nos à pessoa como o varredor do lixo.
Se vamos para o estrangeiro executar este tipo de trabalhos vamos em busca de melhores condições de vida, de um maior respeito, maior estabilidade e maior reconhecimento que a sociedade em Portugal ainda não consegue proporcionar. É natural que nestas condições se faça lá fora o que muitas vezes não se quer fazer cá dentro.
Vamos para fora em busca de sermos reconhecidos pelo que valemos enquanto seres humanos e não pela profissão ou pelo dinheiro que temos, vamos à procura do respeito que podemos e devemos ter enquanto pessoas. Esperamos que pelo menos lá fora e apesar da dificuldade que os estrangeiros têm com a nossa língua, sermos conhecidos pelos nossos nomes...

Até um próximo "post"
Beijos e abraços

Mário Lima

Thursday, May 3, 2007

Novas oportunidades.

A delícia do absurdo de hoje é o chamado programa novas oportunidades, mais concretamente a odiosa publicidade que lhe dá visibilidade, criado como sendo um autêntico poço de virtudes, ameaça por esta altura tornar-se num perigoso desagregador das classes mais baixas.
Se por um lado é de louvar um programa que tem os seguintes objectivos: «fazer do 12º ano o referencial mínimo de formação para todos os jovens; colocar metade dos jovens do ensino secundário em cursos tecnológicos e profissionais» e ainda «qualificar um milhão de activos até 2010» o que são à partida objectivos correctos, por outro lado quem vê a coisa com um pouco de mais de atenção não pode deixar de questionar a forma como se pretendem atingir esses objectivos.
Não posso deixar de dizer o quão "chocado"
fiquei quando vi o Prof. Carlos Queiroz (claro que não fiquei chocado por ser ele) a aparar a relva de Old Trafford com um ar mais triste que a noite e a dizer qualquer coisa do género "até gosto do meu trabalho, permite-me estar em contacto com a minha paixão, mas ganha-se mal. Se ao menos tivesse estudado..."
Lembro-me da primeira vez que vi o dito anúncio ter pensado "eh pá, o que estará nesta altura a pensar o Sr. que corta a relva da nossa bem amada "Catedral"!? Bem, deve de se estar a sentir um coitadinho. É claro que o Sr. da relva não tem nada que se sentir um coitadinho, até porque provavelmente até terá estudado mais do que as estrelas de futebol que utilizam a relva por si aparada, e que apenas são socialmente bem vistas pelo facto de terem dinheiro.
O que a lamentável campanha está dizer ao Sr. da relva, é, tal qual como a professora faz ao menino que se porta mal, também o Sr. da relva como não estudou está de "castigo" a cortar a relva. Não importa se depois de concluídos os estudos e se começar a portar bem ele até vai voltar a aparar a relva. O que os iluminados que criaram a dita "aberração" se esqueceram, é que para se tratar da relva de um estádio de futebol, é necessário muito mais do que força física, é necessária muita experiência e muito conhecimento. Este é um trabalho normalmente desempenhado por pessoas altamente qualificadas e ao que julgo saber razoavelmente bem pagas.
Fico muito triste por viver num país em que para se ser respeitado socialmente é necessário ser-se tratado por Sr. Doutor ou por Sr. Engenheiro.
Fico triste por viver num país que ainda não percebeu que a nossa sobrevivência enquanto seres humanos não depende apenas das pessoas que ocupam os altos cargos quer na administração pública quer nos grandes grupos privados.
A sociedade depende isso sim de um todo, um conjunto de pessoas e de profissões que à partida podem parecer completamente dispares mas que mais cedo ou mais tarde acabam por se cruzar e complementar. Assim sendo nunca uma profissão deveria de ser considerada baixa.
Um médico só existe porque em tempos existiu um grupo de pedreiros que construiu a universidade onde estudou (não estou a ver uma qualquer faculdade a funcionar em tendas, muito menos uma de medicina).
Infelizmente a situação retratada no citado anúncio é a mais pura das verdades, e no fundo até fica bem assumi-la, no entanto não me parece nada justo quem tanto estudou não seria capaz de criar uma forma mais apelativa para incentivar os jovens a estudar?
Em suma, a ideia parece-me à partida boa e até de louvar, no entanto a maneira de atingir os seus fins é na minha opinião lamentável.
Pergunto-me, em 2010 quem irá cortar a relva da "Catedral"? Será alguém chamado Yuri? Talvez. Uma coisa tenho a certeza, seja quem for, infelizmente continuará a não ser visto na nossa sociedade com o valor que lhe é devido.
Espero sinceramente estar enganado.

Até à próxima.

Beijos e abraços

Mário Lima

Tuesday, May 1, 2007

O ínicio...

Este vai ser o primeiro dos que espero sejam muitos "posts" no futuro.
Esta era uma ideia que andava a amadurecer no meu íntimo à já algum tempo. Como todos os meus amigos sabem não sou um grande seguidor das chamadas modas, aliás, reconheço que até levo bastante tempo a aderir a algumas, e a outras feliz ou infelizmente nunca chego sequer a aderir. Ora, como toda a gente tem um blog, por vezes pensava para comigo: «mas para que raio vais tu fazer um "blog"? Achas que ainda consegues fazer algo de novo, de diferente?» Obviamente que a resposta a esta minha pergunta foi um redondo NÃO!! No entanto, bem ou mal, vou fazer uma coisa que seja minha, com o que penso, com a minha maneira de ver e de dizer as coisas, isso só por si acho que faz valer a pena. Além disso como adoro ler e há quem diga que tenho algum jeito para escrever apesar de quase não utilizar parágrafos (como aliás já devem de ter reparado), achei que por isso faria sentido fazê-lo, mesmo não concordando lá muito com as pessoas que dizem que tenho algum jeito para escrever, isto sem a mínima falsa modéstia.
Bem, mas chega de motivos e explicações, porque quem está a ler já deve estar a perguntar: «mas este gajo afinal vai falar de quê?!». Bem, a resposta é: de tudo e ao mesmo tempo de nada. De tudo o que não faz sentido e é absurdo, de tudo o que por outro lado faz sentido e é delicioso... Ao mesmo tempo vou falar de nada, de nada de importante, de nada bonito, e de todos os nadas que cada um achar que o que eu digo é igual a... nada. Se quiserem descobrir «A delicia do absurdo», acompanhem esta minha nova aventura e não deixem de comentar quer gostem quer não.

Beijos e abraços deste vosso amigo:

Mário Lima