Saturday, June 26, 2010

A crise de valores e de moral

Ser-nos-à possível sobreviver enquanto sociedade neste modelo? A resposta, creio, ninguém a sabe ao certo. Penso que esta crise não é apenas económica, social ou política, é sobretudo uma crise de moral e de valores. 
Criámos uma sociedade que permite com a maior das naturalidades que os mais ricos explorem os mais pobres, e com isto temos uma minoria que tem dominado o planeta. 
Quando os vários governos falam em reduzir prestações sociais, aumentar impostos, facilitar despedimentos, como se a culpa de tudo o que se tem estado a passar fosse culpa nossa. Da minha parte, aceitaria de bom grado estas medidas, se lhes conseguisse antever alguma justiça, coisa que não conseguimos ver, nem usando uma lupa.
Não posso aceitar ver o meu ordenado já de si pequeno, ser reduzido, ter um emprego instável que dá muito jeito às empresas que cada vez mais são trituradoras humanas, sentir que nunca me vou puder reformar antes de ir para o lar, e depois ver cidadãos que acumulam várias reformas, e que acumulam essas mesmas reformas com ordenados que ainda auferem em empresas sobre as quais tiveram influências políticas, apenas porque desempenharam cargos de relevo em várias instituições públicas e privadas? Então, como também já trabalhei em várias empresas também exijo uma reforma por cada uma delas, exijo ainda o direito de me reformar com cinquenta anos e de puder continuar a trabalhar.
É lógico que numa sociedade equilibrada irão sempre existir ricos e pobres, mas desta forma andam a gozar com a nossa dignidade enquanto seres humanos. 
Neste momento a democracia é uma farsa. Alguém ainda acha que pode alterar, pelo menos a situação no seu país através do voto? Não, a seguir a quem está, virá alguém da mesma linha, que precisa de garantir todos os privilégios para si e para os que lhe são próximos.
É altura de dizer basta! de exigir que no mínimo nos tratem com respeito. 
Se quando vamos a uma mera entrevista de emprego somos escrutinados de cima a baixo quer enquanto profissionais, quer enquanto pessoas, está na hora de exigirmos que quem nos governa seja uma elite, que sejam os melhores, e que esses melhores tenham provas dadas na áreas que vão governar. Os trabalhos das J's não contam para "curriculum".

Mário Lima