Saturday, October 27, 2007

Iber... Chicos

Tenho andado um bocado inquietado nos últimos tempos com os pais portugueses. Sempre que ligo a televisão lá vem um anúncio a fraldas ou a dentífricos recomendado por uma instituição espanhola. Isso deixa-me de facto inquieto, é que das duas uma, ou não existem em Portugal instituições capazes de recomendar uma fralda, ou pura e simplesmente preferimos que sejam os espanhóis a impedir o nosso mau hálito. Enfim...
Mas afinal que raio de pais somos nós?! Já não bastava mandar-mos os putos irem nascer a Badajoz agora também queremos que sejam eles a mudar-lhes as fraldas?! Pelo andar da carruagem, quando forem mais crescidos também queremos que sejam eles a lavar-lhes os dentes. Acho que andamos a abusar da paciência deles...
Ah, já me esquecia, os putos agora não são portugueses, são "Ibéricos".

Mário Lima

Thursday, October 18, 2007

Lobinhos.

Devo de confessar que já ando sem paciência para tanto uivo em volta da nossa selecção nacional de rugby mais conhecida por "Lobos".
Não é que não reconheça o bom trabalho que foi feito ao tornarem-se a primeira selecção amadora a chegar a um mundial, mas sinceramente, parece-me que tanto alarido em torno de uma equipa que nem sequer cumpriu nenhum dos objectivos a que se propunha no mundial é um manifesto exagero.
Toda a festa, livros, palmadinhas nas costas etc. são o reflexo de uma nação que não só se contenta com pouco, mas também assume de facto a sua pequenez e todas as suas limitações, limitações essas que são na grande maioria das vezes mais psicológicas do que reais.
Um dos grandes argumentos usados para enaltecer os lobos é o contraponto com o futebol, diz-se que os futebolistas ganham milhões e estes coitadinhos não ganham nada e... cantam o hino como ninguém. Francamente. Se o único mérito que conseguem atribuir a uma equipa nacional é a forma como canta o hino, metam a Mariza a cantar o hino e a "levar" com a Nova Zelândia em cima. Pois, só que estes "coitadinhos" também são todos oriundos de estratos sociais bastante elevados. Não me lembro de ver nenhum padeiro ou algum pedreiro na selecção.
Porque é que em vez de tantas palmadinhas nas costas e tantas felicitações não se criam as condições para que estes jogadores possam evoluir para profissionais, criando infraestruturas para treinos? Porque não abrir a modalidade à generalidade da população? Esse sim, era o prémio justo e merecido.
É que os mesmos que hoje felicitam amanhã esquecem.

Mário Lima

Tuesday, October 16, 2007

Doris Lessing, "pode alguém ser quem não é?"

No passado dia 11 de Outubro o comité Nobel decidiu atribuir ao Prémio Nobel da Literatura à Britânica Doris Lessing. Doris, nascida no dia 22 de Outubro de 1929 na antiga Pérsia (actual Irão), e criada na antiga Rodésia (actual Zimbabué).
Aos 87 anos de Idade, recebeu a notícia pelos jornalistas que a abordaram quando esta chegava a casa vinda das compras.
Escritora sempre inconformada e que sempre assumiu as suas convicções como o feminismo e os direitos humanos, algo que nunca lhe granjeou grandes admiradores, até devido ao seu forte sentido de justiça.
Dotada de forte personalidade, e sempre determinada, enviou, quando já era uma escritora de renome, um texto inédito ao seu editor sob a capa de um pseudónmimo, texto esse que viria no entanto a ser rejeitado, por suposta falta de qualidade. Esse mesmo texto seria mais tarde publicado. Com esta atitude, Doris Lessing denunciou o que ela chamou de podridão no mundo literário e também na sociedade em que vivemos, onde apenas o dinheiro consegue atrair dinheiro.
Acho que dá que pensar...

Mário Lima

Wednesday, October 10, 2007

Verde alface.

Quem trabalha numa filial de uma empresa com sede em Lisboa ponha o dedo no ar.
Nunca se sentiram os parentes pobres dessa mesma empresa? Nunca se sentiram discriminados em relação aos colegas da capital? Pois é, acredito que sim.
Quantas vezes precisaram de algum tipo de equipamento e em vez de a empresa adquirir equipamento novo receberam o equipamento que a sede já não quer porque acham que se é para a filial de fora de Lisboa "serve bem".
Pois é, infelizmente isto acontece na grande maioria das vezes. Até os próprios colegas têm por vezes atitudes para com os colegas de fora de Lisboa de alguma sobranceria e superioridade, acredito que nem se apercebam, afinal, já está nos genes...
No fundo, são pequenos exemplos do que se passa no país, a nível industrial, económico, político e até social.
Isto tudo para tentar perceber o porquê das cada vez mais acentuadas assimetrias que existem entre litoral e interior e sobretudo entre a região da grande Lisboa e o resto do país.
Os sucessivos Governos que nos têm (des)governado ao abrigo de interesses eleitorais, têm cedido de uma forma despudorada aos interesses alfacinhas, pois é, de facto,
de um universo total de 8.792,187, 1.909,504 encontram-se em Lisboa, segundo dados de 2006 publicados pela CNE - Comissão Nacional de Eleições, mais 462.554 eleitores que o Porto, o que torna a invicta a única cidade capaz de reivindicar alguma coisa junto do Governo. Santarém tem por exemplo 401.102, o que a torna mais "pobre" em termos eleitorais em 1.508, 402 cidadãos votantes do que Lisboa.
Desta forma, para ser eleito, basta ganhar Lisboa, tirar algum partido através dos "rebuçados" que vão sendo dados ao Norte e tirar o maior proveito possível dos militantes partidários das outras regiões.
E como é que se ganha Lisboa, da maneira que vamos vendo todos os dias. construindo um metro na margem sul do Tejo que ninguém utiliza, terminando a linha azul até ao Terreiro do Paço, uma obra que ainda está por provar a sua real utilidade, ao que parece querem fazer ainda uma nova ponte sobre o Tejo, quando a própria Vasco da Gama não apresenta normalmente congestionamento, etc... Ou seja, melhorando a cidade de Lisboa e esquecendo o resto do país.
Todas estas obras acima citadas, e outras tantas dariam para pelo menos dar alguma qualidade de vida a populações do interior às quais hoje em dia já nem lhe é permitido ficarem doentes, muito menos nascerem nas suas terras.
Esta cegueira eleitoral ataca até mesmo os poucos não Lisboetas (quando me refiro a não Lisboetas, não me refiro apenas a pessoas que não tenham nascido na capital, mas que ao não terem lá nascido, foram lá criadas) que chegaram ao poder nosso país. Foi a amnésia Lisboeta que levou Cavaco silva a esquecer que era um filho de Boliqueime, que levou Sócrates a esquecer que era Beirão. Aliás, o próprio acto de ver Sócrates a votar na Covilhã é tão hipócrita como eleitoralmente conveniente.
Também é verdade que por serem em maior número, são também os Lisboetas que contribuem com a maior fatia de impostos para o Estado, no entanto, nos estado em que estamos, é urgente uma discriminação positiva para o resto do país. Não, não me refiro a tirar de um lado para por noutro, refiro-me apenas a uma distribuição mais equilibrada de meios quer logísticos quer financeiros para todo o país.
A primeira regra para um governo conduzir bem os destinos do país é conhecer a realidade social, industrial e económica. Conhecer a forma como as populações distribuídas pelos quatro cantos do país e pelas regiões autónomas vivem é imperativo para responder de forma adequada às suas necessidades. E essas necessidades só podem ser conhecidas, estando no local e não passando apenas para inaugurar mais uma obra.
Infelizmente não é o que acontece, e por isso, vivemos num país em vias de desenvolvimento com uma capital de 1º mundo.

Mário Lima

Tuesday, October 2, 2007

Santana Vs. Mourinho

Anda este cantinho à beira-mar plantado num razoável reboliço porque o nosso amigo "Santinix" - mais conhecido por "the night train... da Figueira" do que por ter passado com o rabo a correr pela cadeira do poder do palacete de S. Bento - se ter levantado (ainda mais a correr do que de S. Bento) da cadeira dos estúdios da SIC Notícias por entender que esta teve o desplante de o interromper para transmitir a chegada de "O especial" - agora que já cá está podemos dizer assim - ao aeroporto.
A malta da política mesmo os que sempre detestaram Santana aplaudem, porque acham inadmissível um político, qual ser supremo e acima de todos os outros comuns mortais deste sítio por eles tornado cada vez mais mal frequentado, ser interrompido, ainda por cima por um qualquer "inergumeno" treinador do célebre jogo.
A malta da bola também se indigna contra Santana, já estavam fartos de ouvir falar de assuntos sérios e gostaram da interrupção para poderem parar de pensar um bocadinho.
Não me parece estar aqui em causa um choque de titãs nem tão pouco um jogo de dominó entre a politica e o mundo da bola, como ambos os lados da barricada têm vindo a defender.
Para mim, Santana agiu bem, já o motivo pelo qual o fez fica para ele um dia se quiser explicar, e agiu bem não por ser uma figura mais importante do que Mourinho ou porque a política seja mais importante do que a bola mas sim pela relevância das temáticas em causa, senão vejamos, Santana falava sobre as eleições no PSD, que quer queiramos quer não é um assunto que para o bem e para o mal interessa a todos os portugueses mesmo aos mais desinteressados, e é interrompido em directo pela simples chegada ao aeroporto de José Mourinho, que mais não fez do que chegar a Portugal, como aliás faz tantas vezes, ah, já me esquecia, desta vez está mais rico. Não ouve grande entrevista, não foi dito nada sério nesse directo, desta vez nem teve uma das suas fantásticas "tiradas", nada, vimos apenas "O especial" a dizer que ia descansar e seguir a sua vidinha.
Se a entrevista tivesse sido interrompida por exemplo quando Mourinho havia sido despedido e fosse fazer uma declaração em directo, eu compreendia, tratava-se de uma notícia de última hora, com algum impacto jornalístico até por constituir uma surpresa. A SIC Notícias que sem dúvida é uma referencia no plano informativo nacional e que sem dúvida faz um acompanhamento em tempo real desta vez cedeu ao voyourismo barato e interrompeu um assunto importante para passar um outro que sinceramente não me interessa para nada, e ainda que fosse passado à pressão entre outras notícias num dos blocos informativos continuaria a ter para mim o mesmo interesse, ou seja, zero.

Mário Lima