Sunday, May 22, 2011

Alguém viu por aí uma ideia?!

Quem gastou cerca de uma hora do seu precioso tempo a ver os debate entre os líderes dos dois principais partidos portugueses deve de ter ficado assustado, eu fiquei! Durante uma hora não saiu nada de dentro daquelas duas alminhas que me fizesse sequer concordar ou discordar, porque pura e simplesmente não houve naquele debate a discussão de sequer uma ideia, foi um desenrolar de acusações de parte a parte que me fez lembrar duas crianças a fazerem "queixinhas" à mãe sobre quem pintou as paredes da sala. 
Compreendo que não exista um debate sobre as ideias e sobre o rumo a dar ao país porque de facto eles não as têm, a única coisa que possuem é estratégia para chegarem ao poder e de lá saírem o mais tarde possível depois de se servirem do país como uma espécie jogo de computador "The Sims" mas em tamanho real.
Depois do debate foi a continuação de bom tempo, com os habituais comentadores a tentarem justificar quem ganhou o debate, cada um deles a defender os seus interesses, porque no fundo, se fizermos uma análise, todos eles têm algo a ganhar ou a perder, uns mais assumidos do que outros, mas todos comprometidos. O que não se ouve, nem se lê aos chamados "opinion-makers" é o que eles de facto pensam, se é que ainda o fazem... 
Sendo como é óbvio sucinto, e com a consciência de que os problemas do país são estruturais e impossíveis de deixar aqui expostos nestas meia dúzia de linhas, não queria deixar passar em claro que nos últimos anos, se repararmos somos geridos por políticos cujo contacto com a vida real acontece apenas no caminho de casa para a "J", e depois no caminho de casa para o partido e para o Parlamento. Este penso ser um dos graves problemas com que o país se tem deparado, a falta de preparação das pessoas que têm poder de decisão em Portugal, não apenas políticos mas também gestores sejam eles públicos ou privados.
Só é possível resolvermos um problema se o conhecer-mos a fundo. Estas pessoas não sabem o que é pagar o empréstimo da casa, do carro, ir ao supermercado, etc, porque simplesmente nunca precisaram, ainda que acredito possam haver algumas excepções, penso que deverão ser poucas, e como nunca souberam como é o quotidiano da maioria das pessoas, quando tomam uma decisão não conseguem ter em mente o que essa mesma decisão irá afectar o dia-a-dia dos portugueses. Como é óbvio não é nas chamadas arruadas e nos beijinhos que se dão às velhinhas que se fica a conhecer a realidade do país. 
E nós, o povo, continua assim adormecido, a discutir a política como se discute futebol, sem nada perceber do que se está a passar porque também não interessa que percebam.
Nesta altura devíamos todos estar a fazer uma espécie de "brain-storming" para perceber como tirar o país desta situação, devíamos estar a discutir como vamos fazer o país crescer e desenvolver-se, e não estar preocupados com medidas que não trarão nada de positivo como o aumento da carga horária, a diminuição das férias, etc. Parece que em vez de tentarmos gerar riqueza pretendemos gerar pobreza.
Segundo os "opinion-makers" iluminados do alto da sua sabedoria que não se sabe muito bem de onde vem, os portugueses gastaram mais do que deviam, até posso concordar, se englobar-mos os governos como os principais gastadores, mas também se esquecem que uma relação comercial é feita de compras e também de vendas, e que só faz sentido fabricar um produto se depois a economia gerar riqueza suficiente para que quem o fabricou o possa de seguida vender. 
Temo seriamente que se não forem tomadas medidas sérias e honestas que esteja em causa a médio/longo prazo a viabilidade económica do país.

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